sábado, 12 de março de 2011

Na Lotérica...


 Estava pensando em criar um post sobre "O porque de eu gostar tanto do Espiritismo" e talz, mas no fim das contas vi que ia ter de fazer algumas pesquisas antes, então corri atrás e agora vou faazer um "Curso Básico de Espiritismo" na cidade vizinha.
Me parece meio bizarro, mas vamos ver no que vai dar isso, não é?

Na verdade esse é mais um daqueles posts pessoais que eu suponho que não interessam a ninguém, mas que vou postar simplesmente porque eu quero e porque o blog é meu.
Hoho!

Vamos lá!
Isso aconteceu ontem...

Depois de uma madrugada que eu passei acordado por estar desvendando o Skype e pesquisando alguns assuntos eu resolvi por alguma ordem nessa zona que eu chamo de quarto.
Sem exageros, aqui estava tão bagunçado que parecia o Haiti após o terremoto.
Comecei a arrumação e quando percebi já eram 9 da manhã, eu tinha ficado acordado mais tempo do que planejei.
Minha mãe acordou e me convenceu, por livre e espontânea pressão, a ir pagar as contas com ela, mesmo sabendo que eu ainda não tinha dormido.

Como toda decisão feita por livre e espontânea pressão houve algumas discussões, mas acabou que nós fomos ao centro pagar as contas.
Chegamos lá e eu vi que eu tinha descido à toa, pois ela não precisaria ir no banco como havia imaginado.
Gargalhei muito com essa parte, não sabem o quão divertido é fazer uma viagem perdida quando se está com o sono atrasado.

Passamos em uma lotérica pra enfim pagar as benditas contas, e enquanto estávamos na fila vi uma situação bem curiosa:
Um rapaz crusou na nossa frente pra falar com uma mulher que estava sozinha e, enquanto eles papeavam, um menino de uns 13 anos que estava usando um daqueles óculos escuros "Eu sou estiloso, discreto, posso te encarar e você nunca terá certeza disso" se aproximou discretamente e começou a dedilhar o bolso de trás da mulher.
Eu não tinha certeza do que era aquilo, e entre várias teorias eu me agarrei na que me pareceu mais lógica.
Aquilo era uma abordagem onde um homem distraía as pessoas e o menino (provavelmente filho dele) roubava o dinheiro e as carteiras desses distraídos.
Estava meio sem reação com aquilo, nunca vi um crime acontecer, então idsfarcei e continuei observando o menino mexendo no bolso.
Relaxei um pouco quando vi que ele foi embora sem levar nada e o homem foi embora logo depois.

Então era assim essa coisa de crime?
Como ela não percebeu?
Eu fui o único a ver?
Se não, como ninguém reagiu?
Eles devem saber melhor como reagir do que eu, não é?
E se a reação for simplesmente deixar acontecer por medo de represálias?

Minha mãe estava totalmente alheia ao que havia acontecido por estar escrevendo algumas coisas num papel.
Disse pra ela o que tinha visto e perguntei:
"Não acha melhor a gente falar pra ela, nem que seja pra que fique mais esperta da próxima vez?"
Vou ter de aprender algumas palavras novas pra descrever a cara que ela fez, então tentei de novo:
"A gente devia avisar ela, eu pelo menos ia gostar que alguém me avisasse."
"Fica quieto, filho!", foi a resposta.
Olhei ao redor, nem sinal do homem ou do menino, bati na tecla mais vezes, como assim ela ia deixar que algo assim acontecesse sem nem ao menos tentar fazer algo, mesmo que pequeno?

Eu: "Você sabe que isso é errado e não faz nada?"
Mãe: "Quieto!"
Eu: "Desculpa, mas eu sou idealista demais pra concordar com algo assim."
Mãe: "Fica quieto, menino!"
Eu: "Você sabe muito bem que está errada, mãe, e também sabe que certas coisas só acontecem porque as pessoas deixam acontecer."
Mãe: "Ah, é melhor você ir embora, vai lá!"
Eu: "Que bela espírita você é!"

Discuti com ela ali mesmo, abaixo de um tom normal de conversa pra não chamar a atenção.
Depois me arrependi dessa última frase, pois era só uma espécie de vingança pessoal pela discussão que citei no post passado, mas não retiraria mais nada do que disse.
Esperamos mais e o menino voltou e se encostou numa coluna perto da mulher, e ela falou com ele:
"E o seu pai já voltou?"
Não entendi a resposta do menino, mas me imaginei avisando a mulher e ela fazendo barraco por eu insinuar que o garoto era um ladrão e fiquei envergonhado pela impressão errada que tive.

Se bem que, olhando agora...
Será que foi tão errada assim?
E se ele tava pondo algo no bolso dela?
(Poxa, definitivamente eu não fui com a cara do moleque)

Minha mãe não comentou nada, estava remoendo o golpe baixo que eu havia dado.
"Golpe Baixo", eu pensei, "critiquei isso esses dias e cá estou eu fazendo igual, mas minha mãe está assim tão habituada ao medo que prefere se omitir que do ajudar ou deixar os outros ajudarem?".

Isso não me desceu até agora pra ser sincero...

Depois que pagamos tudo e saímos dali ela me deu uma bronca, mas não negou nenhuma vez quando eu disso "Você sabe que está errada!", só reclamou que podia ser perigoso se fosse mesmo uma abordagem e que estava claro que o menino era filho da mulher (sendo que ela não havia visto o menino antes dele voltar de onde quer que tivesse ido).
Ela me chamou de teimoso por continuar discutindo mesmo quando ela me mandou ficar quieto e eu só disse:
"Prefiro eu não responder", e tive um olhar de reprovação em resposta.

Tentei ignorar um pouco a revolta que eu estava sentindo e digeri tudo que havia acontecido.
Tive impressões e reações equivocadas, mas ainda acabei tirando algo de bom disso:

1- Vi que não aceito injustiças e passividade, não tenho esse dom de ser um falso moralista.
2- Tenho que tomar cuidado com impressões erradas que eu possa ter.
3- É melhor tomar cuidado com abordagens.
4- É bom cuidado com o que posso falar pra desconhecidos, principalmente mulheres.
5- Cada ação contraditória que eu tomo é um bom terreno pra reflexão.
6- Vingança é como um doce muito tentador que pode te deixar com dor de barriga, cabe a você ser prudente e lugar contra a gula.
7- Definitivamente eu sou um desses que pode até não mudar o mundo, mas está tentando.
8- É bom sempre lembrar que sou imperfeito e usar isso pra tentar deixar de ser.

Aqui em casa eu tentei acabar de arrumar o quarto (com resultados questionáveis), dormi um pouco e quando minha mãe voltou do trabalho só me chamou de teimoso novamente e reclamou do golpe baixo que eu dei, sem contestar ou justificar nada mais do que eu havia dito.
Definitivamente, não sou só eu que tenho que repensar certas coisas...

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